A aquacultura enfrenta atualmente uma série de desafios estruturais que impedem o seu desenvolvimento e sustentabilidade.

O fabrico de rações para peixes de aquacultura, e em particular os carnívoros que são também os de maior interesse comercial (robalo, dourada, salmão, corvina, linguado, pregado, etc.), poderá ser encarado como o mais problemático como elencado e reavaliado com frequência em publicações da especialidade [1-5].

Feitas maioritariamente à base de farinhas e óleos de peixe provenientes da exploração de recursos pesqueiros, podem hoje em dia representar até 60% dos custos totais da produção dos peixes carnívoros.

O fornecimento de ingredientes alternativos que resultem na redução e/ou otimização na sua utilização resultaria em impactos significativos nos custos do produto final para o consumidor mas também aliviaria a carga ambiental da aquacultura nos sistemas por via da redução dos efluentes enriquecidos em amónia.

Há no entanto de encarar as possíveis soluções alicerçadas em estudos que avaliem em detalhe as necessidades nutricionais das diferentes espécies-alvo, algo que diretamente se relaciona com a saúde do peixe, com aspectos de segurança e com a qualidade final do produto.

Ou seja, que avaliem com a capacidade que os peixes absorvem, processam e utilizam os componentes de determinada ração de forma equilibrada, não comprometendo taxas de crescimento produtivas para os aquacultores por um lado, e qualidades organoléticas atrativas para o consumidor por outro.

É neste limbo que o desenvolvimento de ferramentas capazes de detectar e rastrear a mobilização de nutrientes e a ativação de determinadas vias metabólicas tem visto tão interessantes avanços nos últimos anos.

Têm sido várias as soluções apresentadas na abordagem da substituição de farinhas e óleos de peixe nas raçoes para a aquacultura.

Os produtos e subprodutos de origem vegetal incluem óleos como o de soja, colza, algodão, amendoim, girassol, palma; mas também incluem concentrados proteicos ervilhas, tremoço, soja. Apesar de economicamente viáveis, contêm vários factores anti-nutritionais e muitos requerem suplementação de ácidos gordos essenciais.

Os subprodutos de origem animal (sobras, ossos, penas, sangue) levantam legítimas preocupações no controle sanitário e danos quase irreparáveis na perceção do consumidor.

Outras soluções como seres unicelular, leveduras, microalgas ou insetos, apesar de ricos aminoácidos essenciais, carotenóides, clorofila e omega-3 ainda estão longe de ser uma opção sobretudo por falta de volume de produção.

Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC) da Universidade de Coimbra (UC)

Fonte: TecnoAlimentar